segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Raízes

Que saudades do meu povo! O fim do ano chega e a expectativa de revê-los é enorme. Fonte de renovação de energias, alegria e principalmente valores.

Lá em casa tem humor, amor, chororô, abraço, piada sem graça - que mata qualquer um de rir -, tem puxão de orelha, tem a comida gostosa de Maria, a porta aberta pra receber a visita dos amigos novos e os de muitos anos, aqueles que já são de casa ... os famosos “aderentes”.

Na hora da refeição tem TV ligada, gente falando alto e ao mesmo tempo. Um que ri de uma piada, o outro que conta uma novidade, o telefone que toca, a outra que tenta organizar a mesa e um que fica ensinando coisa feia pro papagaio. E esse se desembesta a repetir o que aprende. E lá vem tio Tavinho tomar o lugar dele na mesa no meio daquela confusão. Quando vô “Manel” era vivo ele dizia: Ô família linda que eu tenho, meu Deus! E a gente ria e dizia em coro: isso é uma mundiça, vô!!!

O cunverseiro continua, tio Tavinho faz cara de desespero e quando a gente pensa que ele vai brigar, o danado cai na risada e diz: isso é uma mundiça!!!!

Unida, apaixonada, forte ... sim, somos família! Faladeira, barulhenta, engraçada ... e apôis, somos mundiça!!!

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Sobre viver

Homem lavando roupa numa fonte de praça
Foto: Claúdia Sardinha

Eu tenho dificuldade de entender a expressão “morador de rua”, pois se a pessoa não tem onde morar não pode ser considerado um morador. E por outro lado, acho que rua não é lugar pra se morar.

Cá estou eu de novo, andando pela cidade maravilhosa e refletindo sobre suas contradições. Depois de flagrar essa cena eu entendi porque as fontes das praças vivem secas. Quando a água aparece quem não tem onde morar aproveita a oportunidade pra tomar banho, lavar roupa e o que mais necessitar. Nossa peguei pesado... Como assim “o que mais necessitar”, minha filha? Esse povo necessita de tanta coisa!

A solução para o problema dessas pessoas e das suas futuras gerações vão além da minha vã filosofia. Sei que tem algo a ver com políticas públicas, educação e saúde... e talvez, também, possa estar naquelas ações de responsabilidade social que as empresas estão praticando através do terceiro setor.

O irônico disso tudo é a gente avaliar a vida dos outros de longe e dizer que sabe como solucionar os problemas deles. Quando o assunto é “gente” acho que solução “receita de bolo” não costuma ser tão fácil de preparar.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Grande desde pequena

Foto de Alex Redbull - Goiás 2005


Equipe Teleducação - FRM - Rio de Janeiro 2007

Mexendo no meu arquivo de fotos eu encontrei essa imagem. Ela foi registrada durante uma viagem à Cidade de Goiás, também conhecida como “Goiás Velho” (GO).

A fachada da Rádio Cidade de Goiás me fez parar pra ler e reler seu letreiro. Achei incrível! O sonho de todo comunicador: “Acima dos interesses políticos e econômicos, abaixo da vontade de Deus”. Tudo o que a gente acha que vai ser quando sair da faculdade de comunicação, mas nem sempre consegue (dependendo da área de atuação).

Gostei do exemplo dessa rádio. Despertou discussão sobre o assunto entre o grupo de jornalistas e estudantes que estavam lá comigo. Eu fiquei pensando no que estava fazendo da minha carreira e a partir dali idealizei a “comunicação” que eu realmente queria exercer. Tempos depois realizei meu sonho de estudante e estou ajudando a disseminar educação e cidadania através do meu trabalho.

Interessante como um olhar mais atento ao caminho pode mudar nosso destino!

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

O sofá amarelo

Três mulheres, uma casa e muita amizade


A vida nem sempre é feita de grandes passeios, lindas paisagens e aventuras. Tem dia que ela pede um repouso. E até pra curtir isso a gente tem que saber como. É em momentos como esse que a gente mais aprende o que significam as palavras: dividir, respeito e diferenças.

Lá em casa o sofá amarelo é símbolo do momento repouso. Em dias como esse ele suporta o peso de cada uma por igual. A que senta ali pra se conectar com o mundo; a que confia nele a guarda do seu último brinquedo da infância, - Rodrigo, o boneco de macacão azul- ; a que se sente uma pessoa melhor por poder ter com quem conversar e dividir suas teorias sobre o mundo e as pessoas.

Aposto que se ele pudesse se expressar daria boas risadas e até se emocionaria com nossas conquistas e frustrações. Mas, mesmo não podendo, olho pra ele e percebo seu exemplo de como equilibrar as diferenças, dividir o espaço e respeitar o outro.

A idéia pode até parecer meio maluca, mas prefiro aprender minhas lições de vida assim do que “na dor”.

E como diria meu amigo-irmão Vico: “Que assim seja!”

domingo, 30 de setembro de 2007

Domingo Legal!

fotinhas de Cláudia Sardinha e Hilda Armstrong

Aterro do Flamengo. Esse é um dos lugares mais agradáveis do Rio de Janeiro. Tem espaço pra todo mundo se divertir. Crianças, adultos, cachorros...

Grama, areia de praia, mar, calçadão para as caminhadas, a pista liberada para bicicletas e carrinhos elétricos, que fazem a alegria da garotada.

Para qualquer lugar que se olha uma paisagem linda ... o mar, o Pão-de-açucar, Niterói...

Domingo é dia de repor as energias para começar a semana com o espírito renovado... e nesse lugar a "paz" ganha significado, cor, vida.

domingo, 23 de setembro de 2007

Mainha, eu tô na Globo!


Cidade cenográfica de "Paraíso Tropical"
Fotos: Fernanda Lacerda e Octávio Lacerda

Estes dias recebi um convite para conhecer o Projac, o centro de produção da TV Globo. Imagina se ia perder essa oportunidade de ver de perto “a fábrica de sonhos brasileira”.

O lugar é imenso, incrível...

Minha primeira parada foi na praça de alimentação. Um verdadeiro almoço entre os globais. O elenco de Malhação estava por lá meio que se despedindo daquela fase, já que a série está chegando ao final de mais uma etapa.

Tá! Todo mundo lindo, mas eu queria mesmo era saber como tudo aquilo funcionava. E realmente soube. Vi a novela das oito sendo editada, a das sete recebendo efeitos sonoros, a turma da Malhação ganhando uma corzinha na sala de color... (esqueci o nome dessa técnica que corrige a cor das imagens). Mas, depois dessa, nunca mais vou desejar ter a pele de atriz nenhuma. Aqueles computadores maravilhosos são bem mais caros e eficientes do que qualquer creme de beleza.

Por lá só se fala na expectativa da chegada da TV Digital. E a emissora já se prepara para essa fase que vai mudar a maneira de fazer e ver televisão. A nova novela das oito “Duas Caras” estréia a produção em HDTV, a televisão em alta definição. Esse sistema vai eliminar, inclusive, as velhas fitas, ou seja, tudo o que for produzido vai ser trocado via rede. Chiquérrimo!

Na cidade cenográfica da novela Paraíso Tropical coisas interessantes para ver. As estruturas dos prédios em madeira produzem com perfeição a Copacabana por onde circulam os personagens do horário nobre da TV. Interessante foi descobrir que o cenário de cada um está disposto num espaço relativamente pequeno. O restaurante Frigideira Carioca fica em frente ao famoso edifício Copamar. Quem diria?

Fiquei imaginando aquilo tudo funcionando. O jogo de câmeras, o fundo azul ao fim do cenário, - colocado estrategicamente para futuramente dar lugar as imagens de continuação da rua -, a disposição dos atores nas cenas... técnicas, detalhes, truques que juntos fazem desse mundo o lugar dos sonhos dos telespectadores.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Os sem-vida

Monumento em homenagem aos sem-terras mortos no Pará
Foto: Fernanda Lacerda

Eldorado dos Carajás (Pa) – curva do S, local onde aconteceu o massacre dos sem-terra em 1996. Aqui foram mortos 19 militantes e para simbolizar a tragédia o movimento “plantou” 19 castanheiras queimadas às margens da rodovia PA-150.

A castanheira é uma árvore típica da região e é muito comum achar seus troncos queimados e mutilados nas terras que sofrem com as queimadas anuais. Não consigo mensurar o que é mais chocante, se é vê-las tombadas ou dispostas dessa maneira, representando vidas que se foram de uma forma tão brutal.

O MST tentou plantar ao lado desse monumento mudas de castanheiras para que florescessem e simbolizassem “a cicratização das feridas abertas pelo massacre”... mas, a terra do local não é mais propicia para isso. E as plantinhas não se desenvolveram.

Passando por aqui a minha sensação é que a natureza aproveitou para fazer seu protesto, também. Na terra onde ela enfrenta o fogo e foi obrigada a beber o sangue daquela gente nem as sementes do perdão conseguem brotar.

sábado, 15 de setembro de 2007

Boi gordo, planeta em perigo


As queimadas no Sudeste do Pará
Fotos: Fermanda Lacerda

Sudeste do Pará. (peguei a estrada, mesmo sem bagagem).
Nessa época do ano fica tudo cinza. Quem mora na região costuma dizer que “o céu está baixo”. É quando os produtores rurais começam a fazer queimadas nas suas terras para renovar a pastagem pro gado.

As queimadas na região amazônica são responsáveis por aproximadamente 70% das emissões dos gases (brasileiros) que causam o efeito estufa. É revoltante saber que esse tipo de cultura ainda é praticada.

Ao longo de toda a estrada essa cena era constante. Vestígios de fogo ... árvores em cinzas. Se não fosse pelo cheiro de fumaça dava até pra pensar que o dia estava nublado.

Senti falta da paisagem verde e do cheiro da mata. Quis saber pra onde foram os animais silvestres. E a resposta veio logo à frente, um garoto estava na beira da estrada expondo um tatu, na tentativa de vendê-lo para algum “sem consciência” que costuma comer esse tipo de iguaria. Além disso, muitos animais devem ter morrido tentando fugir do fogo, outros foram atropelados enquanto atravessam as estradas em desespero.

Nessa época em que a preservação do meio ambiente vira foco de discussão mundial ainda tem gente que parece que não ouviu falar do assunto... ou no mínimo acha que engordar seus boizinhos é mais importante do que a saúde do planeta.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Conexão Pará

Minha mala em momento de descontração pós-retorno pra casa
Foto: Fer nanda Lacerda

Quando o mês de setembro chegou, eu comemorei. Vi que o feriado do dia 7 ia cair exatamente numa sexta-feira. Ótima oportunidade para viajar, me divertir, rever pessoas queridas... Marquei no mapa o meu destino: Pará. E lá fui eu e minha mala verde limão.

Sim, eu e minha mala verde. Nada discreta! Adoro ela! Acho que todo mundo tem um objeto pelo qual tem um chamego especial. Eu sou assim com minha mala, afinal é ela quem me acompanha por essas estradas da vida. É nela que carrego meu presente, meu passado, minhas histórias.

Como todo relacionamento afetivo é marcado por bons e maus momentos, eu e mala tivemos nossa primeira separação nessa tal viagem. Mas, não foi por nossa vontade. Planejamos desembarcar na madrugada de quinta-feira (6) no aeroporto de Marabá, de onde partiríamos de carro para Parauapebas, distante dali 160 km.

Que decepção tive ao perceber que minha companheira não estava ali, que alguém tinha desviado seu destino. Tentei manter o controle e seguir viagem sem ela... Nunca imaginei que essa separação poderia ser tão sofrida. Todos os meus planos de diversão foram frustrados. Sem mala, sem roupas, sem calçados... tive que aprender a sobreviver naquele calor com o que tinha: a roupa do corpo e bom humor.

A verdinha só apareceu cinco dias depois. Chegou em casa – no Rio de Janeiro - tarde da noite, acompanhada por um desconhecido. Estava intacta fisicamente, mas tenho certeza que se ela pudesse falar ia dizer que sentiu medo de não me ver mais e de perder a minha companhia nas próximas viagens.

Minha companheira está de volta. Mas, apesar do alívio do seu retorno, fica a revolta e indignação contra quem estragou nossos planos. Os desconhecidos que cruzaram o caminho da minha bagagem carregada de desejos e desviaram seu caminho são da família Gol linhas áreas. Mandaram muito mal.

Mas, há males que vem para o bem, mesmo quando nossas malas vão para Belém. Recebi carinho e solidariedade das pessoas. E percebi que o que importa mesmo nessa vida é plantar bons frutos nos caminhos por onde passamos. São eles que vão nos vestir, nos calçar e nos alimentar quando tudo o mais faltar.

domingo, 2 de setembro de 2007

Alternativos


Grafiteiro em ação no bairro de Laranjeiras
Fotos: Cláudia Sardinha e Fer nanda Lacerda

Que cena interessante. Interrompi minha “andança” para admirá-la.
A arte marginalizada dos grafiteiros que dão vida aos muros sujos da cidade. Nada mais urbano do que isso.

Os painéis estão por todos os lados. Alguns caras até já ficaram famosos criando personagens que viraram camisetas e outros souvenirs. Mas, outros, como esse aí da foto, não se importam com isso e até preferem o anonimato.
Maneiras diferentes de produzir a mesma arte. Cada um com seu estilo, com seus valores e ideais. E eu, continuo caminhando e conhecendo cada vez mais o Rio de Janeiro das contradições. E viva as diferenças!!!

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

A arte de mau humor

Artistas de rua disputando espaço
Fotos: Fernanda Lacerda e Cláudia Sardinha


O Rio é uma cidade cheia de monumentos. Nas ruas, nas praças, no calçadão de Copacabana... Cada um marca um momento da história do país e homenageia seus personagens.

O interessante é que de repente a gente se surpreende com uma dessas estátuas... vivas. Perfeitas. Imóveis, porém, vivas.

Acho fantástico o trabalho desses caras. Eu paro, fico olhando e tentando imaginar o que os tiraria daquele pedestal. É como se fossem imunes a qualquer coisa. E por nada podem expressar sentimentos, reações.

Mas, eis que um dia dei de cara com essa cena. O “Sr. estátua”, mais que vivo, indignado porque teve sua área invadida por duas figuras.

Não chamei de estátua de propósito. São figuras mesmo, do tipo “caras de pau”. Improvisaram, invadiram a área do outro e chamaram a atenção de quem passava. Isso fez deles artistas, também. Fato que indignou o “Sr. estátua” e o fez descer do seu palco-pedestal.

Curioso como essas coisas acontecem e conseguem desestabilizar nossa essência. Estar vivo é estar sujeito a esse tipo de situação, sim. Mas, ser artista é saber improvisar diante dos imprevistos e continuar “encantando” os olhos de quem passa.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Feira de São Cristovão


Mercearia na Feira de São Cristovão/Rj
Fotos: Fernanda Lacerda e Hilda Armstrong

“Paraiba é meu Estado. Eu sou paraibana, com muito orgulho!”. No Rio de Janeiro todo nordestino é chamado de “paraíba”. E nem a Feira de Tradições Nordestinas escapa desse apelidinho. É comum ouvir alguém dizer que foi ou que vai à Feira dos paraíba. E como diria o radialista Mução: Aí dentu, Papai Noel!!! “Paraiba é meu Estado. Eu sou paraibana, com muito orgulho!”.

Eu gosto de ir lá, apesar de achar as coisas meio tumultuadas. Som alto – aliás, sons, porque é uma poluição sonora da mulesta-, gente circulando, vendedor ambulante atraindo a atenção das crianças com balões e bolas de sabão... e em frente aos restaurantes os garçons abordam quem passa com o cardápio na mão. Eu entrei em um deles atraída pela desenvoltura simpática de uma garçonete que disse as palavras mágicas: feijão de corda e carne de sol.

Parecia que tava em casa. Comi com os olhos. Comi com o paladar de quem morre de saudades das suas raízes, do sabor da comidinha de mainha e do cheiro da cozinha da casa de Tio Tavin. Pude até ver Maria servindo a mesa e dizendo: “Come danada. Mata quem tá te matando”. Ô saudade da mulesta! Comi que só a gota!

Saí satisfeira. Continuei andando e dei de cara com uma cena comum no Nordeste. Uma mercearia. Lembrei do poema “Parafuso de cabo de serrote” de Jessier Quirino* que descreve um lugar como aquele com uma riqueza de detalhes impressionante.

(...) “A Segunda vitrine é de pão doce
É tareco, siquilho e cocorote
Broa, solda, bolacha de pacote
Bolo fofo e jaú esfarofado
Um porrete serrado e lapidado
Faz o peso prum março de papel
Se embrulha de tudo a granel
E por dentro se encontra uma gaveta
Donde desembainha-se a caderneta
Do freguês pagador e mais fiel”. (...)

Interessante como as coisas são. Enchi a boca d’água ao ver aquelas coisas e lembrei que quando era criança tinha um abuso tão grande quando chegava a hora do lanche e eu dizia: - Mainha tô com fome. E ela dizia pra eu comer bulacha tareco e beber um suco de alguma fruta típica. Eu queria era tomar Coca-Cola, comer biscoito recheado, que mané tareco que nada.

Pia mermo, eu rejeitando minhas raízes naquele momento. Hoje eu lembro de mainha dizendo: - Vá bichinha, se amostre bem muito. A vida ensina! Um dia você vai aprender a dar valor as coisas. E apôis, e num é que o dia chegou!!!
* Jessier Quirino é paraibano e se define como arquiteto por profissão, poeta por vocação, matuto por convicção. Para conhecer o trabalho dele acesse: www.jessierquirino.com.br

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Beleza imperfeita

Praia de Botafofo/Rj
Foto: Fernanda Lacerda



Curioso como um lugar pode ser palco de tantas contradições. O Rio de Janeiro que nos assusta com suas cenas de violência pela televisão é o mesmo que nos encanta com suas paisagens.

Essa imagem foi registrada num domingo à tarde. Linda. Dispensa qualquer tipo de descrição. Porém, não deu pra evitar de pensar no que tem por trás de tanta beleza. Eu vi um quadro de contradições, de mundos tão diferentes e que ao mesmo tempo se fundem .... e se tornam um só.

O mundo de quem está no ônibus e vê pela janela o descanso dos que curtem a folga do dia num barco. O mundo do motorista de táxi que tem que abrir mão da companhia da família para trabalhar. Dos que andam de carro, dos que andam a pé, dos que moram do outro lado da praia – na famosa Urca -, dos que admiram essa mesma vista que eu, só que lá do alto do Pão-de-açucar.

A cidade maravilhosa é linda, cheia de contradições, mas é linda. Olhei pra ela e me vi, cheia de muitos mundos convivendo com minha essência. O que nem sempre é pacífico. Mas, aí é que está. Imperfeita sim e daí? O importante é saber preservar a beleza.

sábado, 18 de agosto de 2007

Eu tenho uma “second life”



Já li por aqui que não combino muito com coisas “mudernas”. Se bem que eu acho que combinar não é bem o termo adequado. Prefiro afirmar que vejo certas inovações com olhares mais críticos. (risos)

Ultimamente venho pagando mico no ambiente virtual Second Life, a nova febre da internet que reproduz o mundo real em uma realidade 3D. Lá as pessoas são avatares, personagens criados pelos usuários que tentam reproduzir situações e estilos de vida iguais as do lado de cá.

Foi meu espírito curioso que me fez entrar nesse lugar desconhecido. Cheguei lá lisa* e cheia de dúvidas. Consegui fazer um avatar básico, já que não tinha liden - que é como eles chamam o dinheiro -, para comprar roupas. Fiquei sabendo que para ser um avatar completo é preciso comprar inclusive os órgãos sexuais. Paciência!
Calça Jeans, bota, camiseta branca, cabelos vermelhos e lá foi Nandina Pessoa*² para o calçadão de Copacabana, no Rio de Janeiro 3D. Observei as pessoas, os papos, entrei em stands de empresas, que já estão oferecendo seus serviços por lá e aproveitei para dar uma volta pela praia. E foi por pouco que Nandina Pessoa não entra para a vida fácil. Um rapaz ofereceu emprego de dançarina numa boate. Outro a chamou para dar uma volta no conversível dele. Calma aí, sou virtual, mas tenho meus valores. Nada de sair com estranhos ou dançar em boates. Mainha me deserdaria e aí já era Nandina Lacerda. Nem pensar em ter que adotar a personalidade perdida de Nandina Pessoa.

Navegar no Second Life pode ser tão estressante quanto ficar preso num engarrafamento, ou numa fila de banco. A diversão muitas vezes é frustrada pela lentidão e falhas do programa. Mas, uma coisa é certa: esse mundo ainda tem muito que se desenvolver. E eu já estou circulando por lá para ficar antenada com essa realidade que vem despontando no horizonte virtual.
Pago mico, mas fico "muderna"!!!


* Lisa – pessoa sem dinheiro.
*² Para fazer o cadastro no Second Life é preciso criar nome e escolher um sobrenome já definido pelo programa.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Mudernidade II



Dou um doce pra quem disser o que é isso?



Enquanto eu olhava para aquela coisa com cara de “que mulesta é isso?” ouvi uma voz feminina ao meu lado dizendo: - Bom dia senhora, deseja conhecer o Télo? Olhei pra ela e pensei: - Depende, se ele for solteiro, educado, sincero e fiel. Bom, mas sorri e disse apenas: - Quem?



O tal do Télo é mais uma dessas novidades da tecnologia e se trata de um telefone público instalado num ônibus. Mas, não vou ficar fazendo propaganda do bunitinho aí, não. Estou só imaginando a contribuição que ele vai trazer para aqueles momentos de ônibus lotado, pessoas de pé tentando se equilibrar nas tantas curvas e freiadas bruscas e uma daquelas figuras inconvenientes aproveitando a longa viagem para colocar o papo em dia com a mãe, com o amigo, com a avó e por aí vai.



Essa visão mal humorada da chegada do Télo pode até estar sendo injusta da minha parte, mas me remeteu a uma lembrança irritante da infância. E dessa eu sei que muita gente vai lembrar: um quadro humorístico onde dois personagens do Programa A Praça É Nossa sempre saiam na porrada depois de uma série de mal entendidos causados por uma conversa “troncha” de um dos caras num orelhão público.



Até o fim do mês uso do Télo é gratuito. E os usuários podem fazer ligações DDD e locais para fixo ou celular à vontade. E eu já estou me preparando pra voltar a andar na linha integração Metrô novamente e ver o Télo de novo. Deixem seus telefones ligados que a qualquer momento eu posso dar um alô.





* Troncha significa “torta” e nesse caso pode ser entendida como “torta” mesmo.


quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Ideais

Hoje eu fui à pré-estréia do documentário “Memória do Movimento Estudantil”. O filme resgata a participação dos estudantes em importantes momentos da história do Brasil. E ouvindo os depoimentos das pessoas que, no passado, encararam verdadeiras guerras em prol* de ideais democráticos eu percebi uma coisa, no mínimo intrigante.

Alguns líderes do movimento hoje são personalidades de grande destaque no cenário cultural e político do Brasil. E à medida que apareciam na tela recebiam vaias de grupos de estudantes, que volta e meia gritavam em coro frases do hino da UNE (União Nacional dos Estudantes).

Tudo bem que a democracia permite esse tipo de “expressão”. Mas, esse é o ponto em que eu quero chegar. Em que momento de suas vidas, esses personagens que ajudaram a escrever a história da UNE se perderam dos ideais do passado? Da luta pelo bem geral da nação? Porque não são vistos como exemplos?

Apontar o dedo na cara do outro é muito fácil. Então, eu me toquei disso e procurei usar esse exemplo pra mim mesma. Na volta pra casa vim avaliando em que tipo de pessoa os meus ideais estão me transformando. E decidi que vou ficar de olho nisso.

Só se eu fosse doida de preferir vaias ao invés de aplausos.

*Eu adoro essa palavra (rs)

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

A mundiça* acaba de entrar.


Vico
Ju!
Nina!
Dani!
Bia!
Nandina!

Salve! Salve a internet e suas praças virtuais, que reúne os amigos e traz paz e alegria ao coração de quem vive com saudades!!! Morro de rir com eles... e meu riso ataca minha saudade ...

Saudade! Acho que essa é a palavra que eu mais falo na vida. E ela de novo vem marcando presença no coração da andarilha que não esquece suas raízes. Salve! Salve a internet e suas enormes possibilidades de trazer pra perto quem está longe.

E aqui no blog eis que, de repente, até os avessos a internet marcam presença e deixam seus recados – isso é com você Diana!!! A cada comentário, uma surpresa, uma emoção. E a danada da saudade gritando: êita, fulano!! Que massa!! Sinto falta dele (ou dela)!!!

Bom saber que estão todos aí. E que eu continuo no coração de vocês!

Continuem de olho porque vêm mais resgistros por aí!!!

* Mundiça – um grupo de pessoas que fala alto, ao mesmo tempo e não tem um pingo de noção das Leis do silêncio e de boas maneiras.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Mudernidade!




“É o fim dos tempo, minha gente!” Essa era a frase que o hilário e inesquecível Manoel Salviano, meu avô, dizia quando se espantava com alguma coisa moderna demais pra mentalidade 1908 dele. Eu cresci ouvindo isso. E na hora que entrei no banheiro de uma pizzaria aqui no Rio acabei repetindo a famosa frase: É o fim dos tempo, minha gente!!!

Depois de ter passado “mei mundo”* de vergonha pra aprender a usar aquelas torneiras automáticas que funcionam com apenas um toque e outras que têm um sensor que ligam quando a gente simplesmente bota a mão em baixo... aí vem uma dessa. Completei a frase de vô com um sonoro “que mulesta é isso?”

Sim, ok!!! Ok! Pela localização e posicionamento no espaço é uma torneira. Tá bom! Mas, como é que essa danada funciona??? Chamei reforços... não quis pagar mico sozinha. A bicha parece um volante de carro de Fórmula 1.

O caba que criou essa peça tava muito doido no dia que teve tamanha inspiração. Pode crer! Mas, acho que não custava nada ter feito um manualzinho básico apenas dizendo: Para ligar, abaixe a alavanca. Para desligar, suba a alavanca!

E eu pensando que essa danada era o freio!!!!
É o fim dos tempo! Como diria Manoel Salviano!!!
* Expressão paraibana usada para se referir a algo "grande" ou longe.

sábado, 4 de agosto de 2007

Fé!



Taí uma imagem que me chamou a atenção. Essa figura estava num belo dia de domingo aos pés do Cristo Redentor. Ignorado pelos olhares das pessoas que passavam olhando pra cima, encantadas com o tamanho da estátua de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Mas, eu me impressionei mesmo foi com ele... sentado ali “olhando pro tempo*. E aquele crucifixo no peito... nunca vi um tão grande... pelo menos não pendurado num pescoço. Minha vontade era de sentar ao lado desse cara e conhecer sua história e aprender um pouco mais sobre ter fé*². Sim, porque ele deve ter uma fé tão grande quanto a de quem idealizou a estátua do Cristo.

Agora, olhando pra cima... tentei enxergar o Cristo por inteiro. Missão quase que impossível. Ele é muito grande! Quis ver Seu rosto, mas o sol não deixou. Olhei pra baixo de novo e vi a representação simples da fé na minha frente. Então lembrei que não precisava fazer esforço nenhum pra ver Jesus. A sua imagem e semelhança estava sendo refletida ali naquela pessoa ignorada pela multidão.

* Expressão paraibana que quer dizer que o “caba” tava pensando na vida.
*² Se meu amigo-irmão presepeiro e admirador das pessoas, Vico, estivesse comigo nessa hora, tenho certeza que a gente ia sentar ao lado desse cara e bater altos papos.

Janela Indiscreta















Lá se vão sete anos morando longe de casa e eu continuo andando, sem esquecer de avaliar o preço que pago pelas minhas escolhas. E nesse processo “observar o mundo” ganhou uma conotação mais interessante.

Divido um apê pequeno no Rio de Janeiro com duas amigas e em meio as nossas tentativas de deixar tudo organizado e ao mesmo tempo personalizado, “registrei” essa imagem que me remeteu a uma palavra e seus muitos significados: espaço.

Todo mundo que tem um objetivo gosta de dizer “quero conquistar meu espaço no mundo!”. Eu mesma vivo falando. E por esse ângulo registrado na foto eu parei pra pensar no que isso significa no dia-a-dia de gente como eu, que mora numa grande cidade, mas que é obrigado a crescer dentro de “pequenos mundos”.

Por aqui não se vê muito a cara dos vizinhos, mas as peças íntimas estão sempre dando o “ar da graça”. E como diria uma famosa personagem da novela das 20h “cueca maneira, heim!”. Tenho certeza que vou lembrar disso no dia em que encontrar o dono dela no corredor ou no elevador. Se bem que é melhor esquecer pra evitar um riso cínico como se soubesse de algo particular dele. Nada a ver! Deixa o cara! Ele também aproveita como pode o espaço que tem.

Aqui em casa a gente evita secar nossas roupinhas na janela. Esse espaço foi aproveitado para criar um ambiente mais natural. Uma pequena área verde em meio à selva de pedras. Idéia da natureba da casa que está sempre dizendo: “Manjericão é maravilhoso para temperar a comida! E o hortelã é descongestionante. É importante tê-los a mão”.

A única coisa que ela ainda não consegue explicar é como vai ser quando a muda de caju deixar de ser aquela plantinha fofa no canto do jardim e começar a conquistar seu espaço nesse mundinho.

Eu, mesmo achando a idéia meio... aliás, completamente louca...de cara já me identifiquei com o futuro cajueiro. Quando eu quis crescer encontrei várias pessoas no caminho que acharam que eu não ia me desenvolver. Então, nada de podar a futura árvore! Deixa o cara! Vai ser interessante acompanhar ele conquistando o espaço.